quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Eu sei o que isso é!" [ peregrinando a Santiago...]


"Eu sei o que isso é!" [ peregrinando a Santiago...]

Estamos em ano de Jacobeo. O mesmo é dizer que estamos em Ano Santo de Santiago de Compostela.

O Jacobeo acontece sempre que o dia de São Tiago, 25 de Julho, coincide com um Domingo.

No Jacobeo anterior, em 2004, peregrinei a pé a este grande santuário cristão situado no norte de Espanha, na região da Galiza.

Melhor dizendo, peregrinei até duas vezes nesse ano: uma organizada pelo Seminário e pelo Secretariado da Pastoral Juvenil da nossa Diocese e outra organizada por uma instituição sócio-caritativa de Coimbra, onde eu era voluntário. E era sobre esta última que tenho uma história para contar.

Acontecia a Peregrinação Europeia de Jovens a Santiago. De toda a Europa, 30 mil jovens, partiram a pé desde Espanha ou de Portugal, por um dos cinco caminhos que, desde a Idade Média estão assinalados até ao túmulo deste Apóstolo.

Aos jovens italianos, mais ou menos três mil, tinha sido sugerido pela organização, que fizessem o Caminho Português, iniciando em Valença do Minho.

Nós, cerca de 40, por motivos de proximidade geográfica, fizemos o mesmo.

Em todo o Caminho, o ambiente foi de festa, de alegria, de partilha e ... de alguma [ muita!] confusão!

Quase a chegar a Caldas de Reyes, fomos presenteados com uma tempestade de chuva, vento e frio (apesar de estarmos em Agosto!).

Porque o nosso grupo era formado, na sua maioria, por pessoas com necessidades especiais, era urgente procurar o local que nos estava destinado para pernoitarmos.

Àquela hora, (tínhamos chegado mais cedo que o previsto) ninguém nos sabia dizer onde iríamos ficar.

Tínhamos fome. Estávamos com frio. A roupa molhada. Os pés inchados. E o nosso grupo continuava sentado no banco do jardim a [des]esperar.

Fomos à paróquia, perguntámos nos bombeiros, batemos à porta da escola, e ninguém nos sabia dizer quem tinha a chave do ginásio, que entretanto descobrimos ser o porto de abrigo destinado ao nosso grupo (e a mais 500 peregrinos!).

Alguém (talvez um Anjo!) indicou-nos a Câmara Municipal: era lá que estava a "nossa"chave do "nosso" ginásio!

Corremos até lá, mas... era chegada a hora de almoço, e teríamos que esperar mais duas horas. Sentados na escadaria do edifício municipal, [des]esperámos.

Alguém (talvez um Anjo!), a caminho do seu almoço, olhou e perguntou se éramos peregrinos. Contámos-lhe o sucedido (como já havíamos contado toda a manhã, cada vez que perguntávamos pela chave), e ele disponibilizou-se para ir em busca da tão desejada chave. E mais, acompanhava-nos até lá.

Chegámos à Terra Prometida e logo esquecemos as agruras do deserto. Antes de nos despedirmos, agradeci-lhe e perguntei-lhe porquê. Por que é que nos tinha ajudado. E ele, disse: eu sei o que isso é! Também já fui peregrino. Também já tive fome e frio e dores nas pernas e também já alguém me ajudou quando eu precisei. E agora sou eu que vos ajudo.

Não me agradeças - disse ele. Ou melhor, a forma de me agradeceres, é retribuíres, não a mim, mas a outro que precisar!

"Bon Camino"(desejou ele em galego) ... e não se esqueçam que passar por dificuldades, torna-nos mais atentos aos que passam dificuldades.


Alberto Porfírio Tapadas (artigo publicado em Setembro | 2010 no mensário "Voz da Minha Terra",jornal das Paróquias do concelho de Mação )

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Testemunhos do Caminho

SANTIAGO DE COMPOSTELA

Já viajei muito, por vários países, vi cidades, monumentos, igrejas, museus, paisagens, gente…
Comi pratos diversificados, passei bem e mal, gostei e detestei, percorri caminhos, continuo a adorar viajar…
A última viagem foi a mais perfeita. Fui a Santiago de Compostela a pé, foi um encontro comigo própria, comi mal, dormi razoável mas modestamente, percorri caminhos maravilhosos pela natureza, passei lugarejos lindos de simplicidade, passei Pontevedra, Padrón, Caldas de Rei. Cruzei-me com dezenas de pessoas de diversas nacionalidades.
A palavra de ordem foi “Bom caminho, que Santiago te proteja.”
Noutro local, uma aldeã acercou-se de nós e ofereceu-nos maçãs acabadas de colher, e um ancião surgiu para nos oferecer água.
Eu, que já tanto viajei, dormi em belíssimos hotéis e experimentei comidas exóticas, aprendi uma lição: a mais bela viagem é sempre a que fazemos connosco próprios, em que só “Deus” sabe o que vamos a pensar.
Uma das próximas viagens a fazer será à Índia, ao encontro de uma parte da minha história pessoal. Depois enviar-vos-ei outro texto.

Palmira Oliveira
Matosinhos
Revista Volta ao Mundo – Nº 193 – Novembro de 2010
Clube dos Leitores – pág.18

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Testemunho do Peregrino Jorge Rebelo

Amigos
Esta foi a vigem mais espectacular que já fiz.
Tanto pela beleza, como do esforço físico e psíquico envolvido.
Saida de Lisboa a 22 de julho com chegada a 11 de agosto a Santiago de Compostela.
600 km em 21 dias a pé.
aqui vai um breve relato da viagem.
Jorge Rebelo